Um estudo publicado na revista científica Nature Medicine indica que a vacina recombinante contra o herpes-zóster pode estar associada a um risco 17% menor de demência em comparação com a vacina atenuada, ao longo de seis anos após a vacinação.
A vacina recombinante é composta por uma proteína do vírus herpes-zóster combinada com o adjuvante AS01 e não contém o vírus ativo, ao contrário da vacina atenuada, que utiliza uma versão enfraquecida do vírus. No Brasil, ambos os tipos de vacinas estão disponíveis.
Pesquisas anteriores tinham sugerido que a vacina atenuada poderia reduzir o risco de demência, mas esses estudos envolveram pequenas amostras de participantes. A vacina atenuada foi descontinuada em alguns países, como os Estados Unidos, em favor da vacina recombinante, que apresenta maior eficácia na prevenção do herpes-zóster.
Para investigar se a vacina recombinante poderia ter efeitos semelhantes na prevenção da demência, os pesquisadores analisaram dados de saúde eletrônicos de 103.837 pessoas que receberam a primeira dose da vacina entre 2017 e 2020, com 95% recebendo a vacina recombinante. Os dados foram comparados com aqueles de estudos anteriores sobre a vacina atenuada.
O estudo revelou que a vacina recombinante estava associada a um menor risco de demência, com um aumento de 17% no tempo sem diagnóstico da doença, correspondente a 164 dias a mais sem diagnóstico de demência em pessoas eventualmente afetadas. Além disso, o efeito protetor foi 9% maior em mulheres do que em homens.
Os pesquisadores também observaram que tanto a vacina atenuada quanto a recombinante fornecem proteção contra a demência em comparação com outras vacinas comumente aplicadas a idosos, como a Tdap (tétano, difteria e coqueluche) e a vacina contra a gripe.
Apesar dos achados, os autores destacam que o estudo é observacional e não pode confirmar uma relação causal entre a vacina e a prevenção da demência. Estudos adicionais são necessários para validar esses resultados.