Ítalo Gonçalves da Conceição, 20 anos, que ficou famoso como MC Beijinho, chegou à redação do Jornal Correio, em Salvador, agitado. Acompanhado de dois advogados e da mãe, ele andava rápido. Cumprimentou a reportagem olhando pra baixo, com um sorriso de canto de boca. Usava um colete, calça jeans e uma camisa que combinava com o chapéu verde cana. Uma corrente de prata grossa completou o look, escolhido especialmente para a ocasião. Quando começa a entrevista, ele se cala. Tem dificuldade de responder às perguntas e, por vezes, se levanta da cadeira. O silêncio só é quebrado em dois momentos: o primeiro, quando o telefone tocou, e o segundo, quando o assunto foi música. Aí Ítalo se transformou de fato em MC Beijinho. Os minutos passam e Ítalo só volta a falar quando a mãe, Lindinalva Gonçalves, interferiu na tentativa de bate-papo. ”Ele tá assim agora, não quer falar nada. Só falava antes, quando estava na mídia, porque tinha um monte de gente do lado”, tentou explicar. O silêncio, justificado por Lindinalva, vem desde que o sucesso acabou, logo após o Carnaval de 2017. Desde então, Beijinho entrou em depressão. Esse ano, por exemplo, Ítalo sequer participou do Carnaval de Salvador. Ele até tentou se eleger como Rei Momo, mas não deu certo. ”Ele queria participar das festas, mas, como não foi chamado pra nada, tentou o concurso” completou a mãe. Mesmo estando há meses sem compor uma música, quando perguntado sobre sua atual profissão, fez questão de reforçar: ”Sou MC Beijinho. Às vezes eu começo a compor, e não termino, mas fica tudo aqui dentro da minha cabeça”, declarou. A única coisa que sobrou da música Me Libera Nega, composta por ele e cantada por grandes artistas no ano passado, foi um valor mensal de menos de R$ 500, utilizado nas despesas da casa, onde mora com a mãe e irmãs, no bairro de Itapuã. Além da saudade de cantar, Beijinho diz que sente saudades da época do sucesso. Leia na íntegra