Educação e saneamento básico 

Ao querido amigo Mário Dantas!

Ficaremos muito agradecidos ao leitor que nos convencer da existência de alguma prioridade nacional do Brasil, do Nordeste Brasileiro ou da Bahia capaz de competir com educação e saneamento básico, como fator de construção do bem-estar do nosso povo.

Para refrescar a memória, repitamos, didaticamente, o que já temos dito, à saciedade:

A partir da década de 1970, quando a humanidade passou a viver na sociedade do conhecimento, registra-se uma relação linear crescente, entre níveis de educação e o IDH dos povos;

Trabalho da pesquisadora Denise Kronemberger, em nome da Fundação Trata Brasil, apurou que não há nada tão lucrativo, para o Estado, como investimentos em saneamento básico, de tal modo reduzem os gastos em saúde pública, com populações carentes desse serviço essencial. Basta dizer que os gastos, per capita, nesse requisito, entre as 50 maiores cidades brasileiras, com pouco ou nenhum saneamento básico, são três vezes maiores do que naquel’outras 50, bem dotadas desse serviço essencial;

A Oxfam, acrônimo de Oxford Famine, uma das maiores e mais ativas fundações do Mundo, criada na Inglaterra, durante a Segunda Grande Guerra, dedicada ao estudo das desigualdades entre os povos, ao comparar as populações dos bairros Tiradentes e Higienópolis, o mais pobre e o mais rico da cidade de São Paulo, o primeiro destituído de saneamento básico e o segundo plenamente dotado desse serviço, concluiu que, além de outros fatores diferenciais, a média da longevidade entre ambos subia de 54 anos, em Tiradentes, para 79 anos, em Higienópolis. Isso significa que temos atuando, diante de nossos olhos, um mal que mata, continuamente, mais do que duas Covid 19, em seu apogeu, e ninguém diz ou faz nada.

Tudo isso, sem   sem levar em conta a abissal distância que separa os níveis de produtividade entre populações doentes e aquelas saudáveis, como fator do desenvolvimento das sociedades humanas.

Esses são os fatores que respondem pelo desempenho, relativamente às suas possibilidades, de padrão haitiano do Brasil, em geral, que, não obstante figurar como uma das dez maiores economias do Planeta, sua precária educação ocupa o 90º lugar, ao tempo em que metade de sua população ainda não tem acesso a saneamento básico.

Nesse lamentável contexto, a situação da Bahia é ainda pior, ao ocupar o último lugar, entre as 27 unidades que compõem a Federação Brasileira, em ambos os requisitos, de educação e saneamento básico. Quarta população do Brasil, com pouco mais de 15 milhões de habitantes, a Bahia, com 60% de sua população sem saneamento básico, tem o maior número de pessoas, 9 milhões, sem acesso a esse serviço fundamental. Explicam-se, de modo acaciano, as razões pelas quais a Bahia vem sistematicamente regredindo de sua antiga e relevante expressão social e econômica, no contexto da vida brasileira, para o vexaminoso patamar em que, atualmente, se encontra, ao abrigar o maior número de assassinatos, de desempregados, de analfabetos, de sub-habitações, de tuberculosos, morféticos e chagásicos, tudo isso resultando em um dos IDHs mais baixos de todo o Continente Americano.

A excepcional votação com que o povo baiano contribuiu para a eleição do novo Presidente, repetindo o mesmo desempenho, ao longo do milênio corrente, constitui oportunidade única para reivindicarmos a imediata saída dessa abjeta e infernal situação socioeconômica.

É verdade que por lamentável incúria das lideranças nordestinas, nossas populações não veem recebendo o necessário adjutório previsto no artigo 165 de nossa Constituição que prevê a adoção de critérios populacionais, na elaboração orçamentária federal,  como fator de redução de disparidades inter-regionais.

É elementar dever de todos os baianos, independentemente de suas preferências eleitorais ou ideológicas, somar forças com o novo governador, Jerônimo Rodrigues, para realizarmos, com êxito, essa necessária travessia, para restaurar nossa grandeza, assegurando o bem-estar dos baianos. *por Joaci Góes