Dos 417 municípios, apenas 54 são administrados por prefeitas, 12,95% de representatividade

UPB chama a atenção para representatividade feminina. Foto: Divulgação

Nesta quarta-feira, 08 de março, Dia Internacional da Mulher, a União dos Municípios da Bahia (UPB) chama a atenção para um dado alarmante, dos 417 municípios baianos apenas 54 são administrados por prefeitas, o que representa 12,95% de representatividade feminina no executivo municipal do estado. A entidade municipalista reforça a necessidade de aproveitar a data para refletir sobre o papel da mulher na sociedade e como inseri-las cada vez mais como protagonistas, assumindo novos papéis e funções de comando.

O presidente da UPB e prefeito de Jequié, Zé Cocá, ao comentar os dados, ressalta que a participação das mulheres na política é de fundamental importância para o avanço na construção de políticas públicas no Brasil, e, sobretudo, para a transformação social em todas as esferas. ”Sem o olhar das mulheres nós não conseguimos fazer política de forma plural e para todos. A sub-representação feminina é prejudicial à sociedade e injusta com as mulheres, porque na ponta elas entendem das necessidades do povo tanto quanto nós”, aponta Zé Cocá ao defender que ”homens e mulheres precisam caminhar lado a lado para equiparar as condições políticas de exercer funções de destaque”, ressaltou.

Segundo Zé Cocá, a UPB tem estimulado o debate sobre o tema e inseriu no seu calendário anual o ”Encontro das Prefeitas e Vice-prefeitas”, com o objetivo de fortalecer e expandir a participação das gestoras nas ações municipalistas e apoiar suas administrações. No último encontro, realizado em julho do ano passado, a doutora e mestre do Programa em Família na Sociedade Contemporânea e autora do livro ”As mulheres na política local: entre as esferas pública e privada”, Cláudia Barbosa afirmou que o grande desafio do século XXI é ”superar a desigualdade de gênero”. Segundo ela, é necessário o exercício do direito entre as mulheres para que possam ocupar espaços de poder.

Barbosa esclareceu que mecanismos sociais limitam a participação das mulheres na democracia. ”Precisamos enfrentar esse mundo que ainda é dos homens. A matriz da cidadania deixou de falar das mulheres”, reflete a autora ao falar do voto feminino instituído no Brasil há menos de um século em 1932. Ela acrescenta ainda o papel de exemplo que as mulheres em cargo de comando exercem. ”Vamos refletir sobre a responsabilidade de cada uma, mesmo as que não são eleitas, mas são políticas na secretaria, no trabalho ou em casa. Na política temos que ser do jeito que podemos, desde que com respeito e intenção de melhorar a vida das pessoas. Demoramos para descobrir, mas é a diversidade que move o mundo”, afirmou.