A crise na relação do Palácio do Planalto com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), enfraqueceu a pré-candidatura de Elmar Nascimento (União Brasil) ao comando da Casa, antes mesmo de ser oficializada. Considerado o herdeiro político de Lira, de quem espera declaração de apoio, o deputado baiano enfrenta resistência dos governistas e fogo amigo na própria sigla. A reportagem procurou Elmar Nascimento, mas até o momento não obteve resposta.
Por ser adversário político do PT na Bahia — o partido vetou sua nomeação a um ministério ainda no governo de transição —, Elmar nunca contou com os correligionários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suceder o atual presidente da Câmara. O deputado esperava, porém, ter apoio do União Brasil e do Centrão.
O problema é que a tensão entre Lira e Lula ameaça rachar o Centrão. Parte do grupo prefere reforçar a base do governo e, consequentemente, apoiar outra candidatura à Mesa Diretora, como Antonio Brito (PSD) ou Marcos Pereira (Republicanos-SP). Outro segmento, por sua vez, prefere dar suporte ao alagoano nesse embate.
O embaraço é ainda maior porque os deputados do União Brasil reclamam do estilo político de Elmar, que conduz a liderança a mãos de ferro. Nos bastidores, parlamentares do partido dizem que poderiam apoiar outra pré-candidatura ao comando da Casa, ainda que o correligionário seja oficialmente candidato.
Aliados de Elmar Nascimento saem em defesa do líder e afirmam que Lira deve fazer gestos a ele o quanto antes, oficializando a escolha do sucessor. O presidente da Câmara, no entanto, tem sinalizado que não pretende antecipar a eleição interna, marcada para fevereiro de 2025, ou verá a tinta da sua caneta secar antes do tempo.
*por Augusto Tenório/Estadão