O conselheiro Paolo Marconi decidiu antecipar a sua aposentadoria e anunciou na sessão desta quinta-feira (19/08) que deixa o Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. O ato, com a aposentadoria, deve ser publicado na edição desta sexta-feira (20/08) do Diário Oficial do TCM. Ele foi nomeado conselheiro pelo então governador da Bahia, Paulo Souto – por indicação do ex-governador Antonio Carlos Magalhães –, em setembro de 2000 – e completaria assim, 21 anos de serviços prestados à corte no próximo mês. Poderia, no entanto, permanecer no cargo por mais dois anos, antes de completar a idade limite de 75 anos.
O presidente do TCM, conselheiro Plínio Carneiro Filho, em nome dos membros da Corte e de todos os servidores, agradeceu ao conselheiro Paolo Marconi ”os mais de vinte anos de trabalho e dedicação ao Tribunal de Contas dos Municípios que engrandeceram, honraram e serviram para amadurecimento de nossa instituição”. Disse que, no cumprimento de seus deveres e obrigações, o conselheiro ”sempre se portou pelo absoluto rigor ético. Jamais transigiu e sempre obedeceu a sua consciência na interpretação das leis”.
Acrescentou que o TCM ”ganhou com sua vivência, com sua inteligência, com sua cultura, e, como não poderia deixar de ser, também com seus questionamentos”. Observou que ”a divergência, o debate, a discussão – dentro de uma serenidade – engrandece, gera reflexões, dirime dúvidas e, muitas vezes, leva à melhor decisão”.
Destacou o presidente Plínio Carneiro que a participação do conselheiro Paolo Marconi no ”sistema de controle, que são os tribunais de contas – dentre outros órgãos -, mais especificadamente no nosso sistema, mostra que o legislador foi inteligente, foi sábio. Ele permitiu diferentes olhares na composição do órgão. Não se restringiu apenas aos especialistas em contas ou no Direito. E isso, sem dúvida nenhuma, aprofunda o debate”. Ao final, agradeceu pelo trabalho e, em nome de todos os que fazem o TCM, desejou ao conselheiro, sucesso e felicidades no novo ciclo que se abre em sua vida.
Antes da fala do presidente, o conselheiro Fernando Vita – também jornalista e amigo do conselheiro Paolo Marconi há mais de 50 anos –, emocionado, disse que a ”inquietude e a franqueza do conselheiro Paolo farão falta ao tribunal”. Destacou que, “como todos, ele tem virtudes e defeitos, mas o conheço como poucos e posso assegurar que, ao longo da vida e por onde passou na sua carreira profissional, honrou os cargos e responsabilidades que assumiu, sem jamais transigir com princípios éticos ou valores morais”. Outros conselheiros, como o conselheiro José Alfredo Rocha Dias e Mário Negromonte também se manifestaram, durante a sessão, destacando a sua contribuição para o TCM e desejando sucesso ao conselheiro.
Paolo Marconi, em sua manifestação, procurou elencar algumas razões – pessoais e profissionais – que o levaram a antecipar a aposentadoria. Lembrou que há cerca de um ano sofreu com a saúde e foi obrigado a realizar uma operação cardíaca, o que, junto com algumas frustrações no exercício de suas funções, o levou a decidir parar.
Lembrou que foi indicado para o cargo pelo ex-governador Antonio Carlos Magalhães, e que acredita ter honrado esta indicação. ”Jurei defender a lei e as Constituições da República e da Bahia, e o fiz com empenho e seriedade”. E acrescentou: ”Sou crédulo, acredito na Justiça, nas instituições”. Disse que, na verdade, deveria ter deixado o TCM ao completar 70 anos de idade, mas acabou ficando após a aprovação da ampliação para 75 anos para a aposentadoria compulsória – o que considerou um erro pessoal.
Ele agradeceu aos colegas conselheiros – lembrou da convivência agradável com outros hoje aposentados, como o conselheiro Plínio Carneiro (pai do atual presidente da corte) – sem esquecer os debates e divergências de entendimento sobre diversas matérias. Agradeceu e elogiou os auditores e conselheiros substitutos, o corpo técnico do TCM, os integrantes do Ministério Público de Contas e os técnicos que ao longo dos anos trabalharam em seu gabinete.
Ao encerrar, desejou sucesso ao seu sucessor e leu uma passagem do ”Poema de sete faces”, de Carlos Drumond de Andrade: ”Mundo mundo vasto mundo/ Se eu me chamasse Raimundo/Seria uma rima, não seria uma solução/Mundo mundo vasto mundo/Mais vasto é meu coração”.