O advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se emocionou ao final de seu discurso de defesa no início da tarde desta terça-feira (30). Ele chorou ao tratar do assunto em entrevista coletiva, após a pausa para o almoço. ”Triste pelo momento. Não é possível que ninguém fique feliz com o que está acontecendo aqui”, afirmou ele, acrescentando que seu choro na Mesa Diretora do Senado foi ”sincero e não preparado”. ”Eu acho inadmissível que alguém pedir a condenação e dizer que faz pelos netos dessa pessoa. É muito, muito difícil. Eu espero convencer alguém, mas é muito injusto. Verdadeiramente injusto”, afirmou, emocionado, em menção à declaração de uma das advogadas de acusação, Janaína Paschoal. ”Peço que ela, um dia, entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela”, disse Janaína, enquanto chorava por ter causado ”sofrimento” à Dilma. Cardoso não soube mensurar se sua explanação causou efeito sobre os congressistas e afirmou que os acusadores não tem ”razões nobres” para pedir o impeachment. ”Eu não sei te dizer se reverteu algum voto. Mas que deveria, deveria. É evidente, as provas são claras. É indiscutível. Portanto eu acho que o depoimento dela de ontem reforçou tudo aquilo que já se dizia no processo: isso é um pretexto. Só não querem ver isto os que, por alguma razão, querem afastá-la. E eu lhe garanto, não são razões nobres”. Cardozo acredita, no entanto, que o processo ajudou ”para mostrar para os brasileiros, para o estrangeiro, para a história, que está se fazendo uma grande violência à democracia”. ”Pouco a pouco, nós fomos conseguindo utilizar o espaço que se deu para a defesa para desmascarar a acusação. Eu duvido que uma pessoa hoje possa dizer que essa acusação sobrevive a qualquer das situações. Ela desabou, a acusação desabou com suas teses, suas afirmações”, avaliou.