Um dos momentos mais esperados da sessão de julgamento do impeachment no Senado nesta segunda-feira (29), além do depoimento da presidente afastada Dilma Rousseff, era o embate entre a petista e seu adversário derrotado no segundo turno das eleições de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Primeiro a questionar Dilma após a retomada da sessão, o tucano rebateu acusações feitas pela presidente afastada de que o processo de impeachment foi gerado por inconformismo pela derrota no pleito de 2014 e perguntou se ela se sentia ”inteiramente responsável” pela crise econômica e política no Brasil. ”Não é desonra perder a eleição. Não se dirá isso de quem se vence as eleições cometendo ilegalidades e com mentiras. O pleno do TSE abriu uma ação investigativa em relação às suas contas de campanha. É àquela Corte que a senhora deve responder. A senhora recorre aos votos que teve para justificar seus atos, mas o voto não é um salvo conduto. Ele prevê direitos e deveres”, afirmou Neves para Dilma. Ao responder o senador, a petista sustentou que houve uma tentativa ”sistemática” da oposição para sufocar seu segundo mandato. ”A partir do dia seguinte da minha eleição, uma série de medidas políticas para desestabilizar meu governo foram tomadas. Primeiro pediu-se a recontagem dos votos e auditoria das urnas. Viu-se que não havia irregularidades. Antes da minha diplomação, levantou-se no TSE a possibilidade de auditar as minhas contas. O TSE permitiu minha diplomação porque não encontrou nenhuma irregularidade. Isso foi sistematicamente tornado objeto de disputa política. Contra suas contas também foi aberta investigação pelo TSE”, rebateu a presidente afastada. Ainda de acordo com Dilma, em 2014, durante o processo eleitoral, ainda não era possível prever a crise econômica que atingiria o país posteriormente. ”Tivemos um ano específico muito diferente em 2014. Em 2014, apenas a partir de outubro, tivemos grande queda no preço das commodities. Tivemos ainda questões energéticas, que levaram o setor de energia elétrica a uma situação gravíssima”, argumentou. A petista voltou a acusar o deputado afastado Eduardo Cunha de tentar desestabilizar sua gestão com a votação de ”pautas-bomba” na Câmara. ”A eleição do senhor Eduardo Cunha agravou a situação. Enviamos projetos para buscar uma saída fiscal. Diante da ação negativa de não aprovar as medidas, isso agravou a situação. Foram colocadas também pautas-bomba. Ao invés de termos medida para sanar a questão fiscal, o que se faz é o contrário, aumentar a receita”. Dilma ainda admitiu ter ”cometido erros”, sem citá-los, novamente, quais seriam. ”Posso ter cometido erros e não ter cumprido o que tinha prometido, mas isso se resolve no voto. Não respeito a eleição indireta que é fruto de um processo de impeachment ilegal”, concluiu.