Um dos braços do esquema desvendado pela Operação Overclean inclui tráfico de influência envolvendo um dos presos, o empresário Marcos Moura, e figuras da administração de Salvador. De acordo com escutas ambientais e interceptações telefônicas, o empresário cita conversas com um ”amigo” para resolver questões relacionadas ao pagamento para a Larclean, uma das empresas investigadas.
O ex-prefeito de Salvador não é citado nominalmente, porém a investigação o identifica a partir de menções como ”zero um antigo”, numa referência ao fim do mandato de ACM Neto. Ele surge em um contexto em que o secretário municipal de Educação, Thiago Dantas, explica que os pagamentos em atraso deveriam ser regularizados apenas em novembro de 2024 – após pagar a primeira parcela ”na parceria”.
”Fica claro no diálogo captado, a liderança de MARCOS MOURA como aquele que viabiliza o acesso ao Secretário, assim como MARCOS também reforça a cobrança pelo pagamento, inclusive sugerindo que THIAGO deixe de honrar outros compromissos da Secretaria, para que o pagamento para a LARCLEAN seja feito”, aponta a investigação.
No trecho referente a ACM Neto, a PF contextualiza com o que teriam sido negativas de Thiago Dantas em atender às demandas dos investigados. ”Nessa ligação, MARCOS MOURA se gaba da maneira direta com que ele resolve esses tipos de tratativas e ainda informa para ALEX, que esperaria para ver se o Secretário THIAGO realmente resolveria a questão do pagamento acordado, caso contrário, ele, MARCOS MOURA, entraria em contato com um ‘amigo’, para a definição da situação. Sugere-se, mais uma vez, que o ‘amigo’ citado por MARCOS MOURA, o qual seria capaz de resolver a situação do pagamento para a LARCLEAN, no caso do insucesso de THIAGO, seja ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO, conforme já citado nesta Informação, ALEX afirma que em uma situação passada, quem teria resolvido os assuntos de seu interesse com a SMED de Salvador, teria sido MARCOS MOURA com o intermédio do ‘zero um antigo’.”
*Por Fernando Duarte / Bahia Notícias