Os dois falaram sobre a crise de relacionamento durante um voo com destino a Salvador (BA). Lira avisou, porém, que vai tratar da pauta de interesse do governo com Costa e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nunca com Padilha. Se dependesse dele, o articulador político do Palácio do Planalto – com quem trava um embate desde meados do ano passado por causa do controle de emendas parlamentares – seria demitido.
Embora tenha dito ao chefe da Casa Civil que não pretende esticar mais a corda, o presidente da Câmara não vê possibilidade de retomar o diálogo com o ministro de Relações Institucionais. Na quinta-feira, 11, Lira chamou Padilha de ”incompetente” e se referiu a ele como sendo seu “desafeto pessoal”. Foi a gota d’água de uma relação marcada por desgaste há cerca de nove meses.
A preocupação do Planalto, agora, é com o impacto dessa briga, que só vem se agravando, nas próximas votações da Câmara. Os projetos de lei complementar da reforma tributária, a proposta que prevê o fim gradual do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e a desoneração da folha de pagamentos de municípios menores estão na lista dos temas que passarão pelo crivo dos deputados. ”A agenda econômica não ficará subordinada a nenhum ruído político”, disse ao Estadão o deputado Elmar Nascimento (BA), líder da bancada do União Brasil. ”Além disso, a reforma tributária é assunto de Estado, não de governo. O interesse do Brasil está preservado.”
Pré-candidato à presidência da Câmara, Elmar também estava no voo em que Lira e Costa conversaram. Ao chegar a Salvador para participar da comemoração pela passagem dos 20 anos da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), Lira foi questionado por repórteres sobre o embate com Padilha, mas ficou em silêncio. O Globo