”Acho que a Lava Jato não termina este ano”, avalia delegada da Polícia Federal

Luciana Caíres ministrou palestra em Salvador
Caíres ministrou palestra em Salvador. Foto: Vagner Souza

A delegada da Polícia Federal Luciana Caíres, que atua na Operação Lava Jato, afirmou na noite desta quinta-feira (10/3), que é impossível prever se as investigações da operação vão terminar neste ano. Segundo ela, ainda há muitos fatos para serem apurados. ”Sinceramente, acho que não termina este ano ainda a Lava Jato. Infelizmente, [por causa do] volume de coisas, eu acho que não termina em 2016. […] Eu fiz busca na 24ª fase da Lava Jato [que ficou marcada pela condução coercitiva do ex-presidente Lula] e fiz a brincadeira: ”gente, 24 fases e ainda encontro isso aqui. Tinha lá: recibos de doações ilícitas”, contou a delegada, durante palestra que ministrou na Escola Superior de Advocacia Orlando Gomes (ESA), no Campo da Pólvora, em Salvador. De acordo com o site Bocão News.  Em sua exposição, a delegada falou também sobre a importância da mídia para Operação Lava Jato. ”Se a imprensa não tivesse divulgado da forma que foi divulgado, acho pouco provável que a coisa tivesse ido tão longe. Certamente, as estruturas de poder, as forças de poder teriam dado uma forma de apagar aquilo ali aos poucos. Se a sociedade não soubesse da Lava Jato, a nossa realidade certamente seria outra”, ressaltou a delegada, ao falar sobre a relevância do procedimento do inquérito policial para a democracia. A autoridade policial revelou que a Lava Jato é divida em fases para evitar que a operação corra o risco de ser anulada na totalidade. Luciana Caíres disse também que ”o Direito Penal e as páginas policiais estão escrevendo a história” do país. Ainda na sua fala, a delegada defendeu a delação premiada. Para ela, o instituto facilita o trabalho do investigador. ”[Com a delação, o investigador] já sabe onde vai conseguir a prova, quem tem que interrogar, intimar e de quem deve quebrar o sigilo bancário. Às vezes, não tem outro meio de conseguir mapear o crime”, analisou, ressaltando que a delação deixa de ser sigilosa após a Justiça receber a denúncia do Ministério Público. ”Então, o que estão dizendo de vazamento seletivo para imprensa, não é bem assim. Assim que recebeu a denúncia, deixa de ter sigilo sobre a delação premiada”, frisou.