Universidades estaduais paulistas decidem manter máscaras mesmo em lugar aberto

As universidades estaduais paulistas decidiram continuar a pedir o uso de máscara dentro de seus campi mesmo após o decreto do governador João Doria (PSDB) que acabou com obrigatoriedade do acessório em ambientes abertos.

A utilização da máscara é compulsória na USP (Universidade de São Paulo) e na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em qualquer ambiente e ”altamente recomendável” na Unesp (Universidade Estadual Paulista), segundo nota da instituição.

Outro item em comum nos protocolos é a exigência de comprovante de imunização com esquema vacinal completo para ingresso em qualquer instalação universitária. A medida vale não só para estudantes, professores e funcionários, mas também para todos os visitantes que circularem pelas instalações das universidades.

Alunos sem comprovante não puderam nem mesmo completar o processo de matrícula na USP, por exemplo, já que o documento era requerido na segunda etapa do processo.

Em comunicado, a universidade afirma que, ”apesar do clima de euforia com o retorno presencial e do momento em que todos os indicadores negativos da pandemia (novos casos, óbitos e internações) estão em queda, os cuidados para evitar a transmissão do coronavírus ainda precisam ser tomados”.

”Embora o governo tenha liberado o não uso da máscara em espaços abertos, a USP decidiu manter o uso em todos os ambientes da universidade”, diz o texto.

A Unesp, também em nota, destaca que ”seguem em vigor na universidade a obrigatoriedade da apresentação do passaporte vacinal, que é indispensável a todos os públicos, e o uso de máscara de proteção facial, que é altamente recomendável”.

”Em relação especialmente ao uso de máscara, depois que o governo estadual paulista desobrigou tal uso em lugares abertos no último dia 9, a universidade sustenta a posição que todas as pessoas devem seguir utilizando máscara nos campi e em todas as 34 unidades universitárias, independentemente de estarem em ambiente fechado ou aberto”, completa a universidade.

A Unicamp também não mudou as regras anteriores ao decreto de Doria, ou seja, continua exigindo máscara em lugares abertos e fechados.

Na Unesp, as atividades presenciais começaram oficialmente no dia 7 em seus 24 campi espalhados pelo estado. Cada unidade tem autonomia para traçar o seu calendário letivo. A instituição reúne aproximadamente 40 mil alunos na graduação e outros 14 mil cursam pós-graduação.

Na USP, as aulas começam nesta segunda-feira (14) com a presença de mais de 110 mil estudantes da graduação e pós-graduação.

Em um vídeo com mensagem de boas-vindas, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, afirma que no atual momento a universidade deve ser um exemplo para a sociedade no que diz respeito às medidas que ajudam a combater e prevenir o coronavírus.

”Eu gostaria de destacar as vacinas, esperamos que toda nossa comunidade esteja vacinada para que possamos ter segurança nas nossas atividades. Outro cuidado, que recomendamos fortemente, é o uso de máscara. Elas devem cobrir o nariz, a boca, até o queixo para que possamos ter segurança. Não podemos utilizar máscara de maneira inadequada. Por fim evitar aglomeração”, diz Carlotti Junior.

A universidade preparou ações de recepção aos calouros com o intuito de promover uma integração entre alunos novos e veteranos. Mas promete fiscalizar o uso da máscara em todas as suas instalações.

Assim como na USP, o ano letivo na Unicamp terá início nesta segunda. A universidade afirma que os estudantes irão receber orientações sobre os cuidados para contenção da Covid-19, como distanciamento social e uso constante de máscaras em todos os espaços.

A Unicamp organizou uma série de eventos para o seu programa Calourada 2022, sob o título ”Autonomia em defesa da ciência, ciência em defesa da vida”. Haverá entrega de livros, almoço e até partida de futebol de salão entre profissionais de saúde do HC Unicamp e alunos e funcionários que já tiveram Covid-19, além de debates sobre a pandemia e demais temas.

A intenção, segundo Sávio Cavalcante, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e coordenador da Calourada 2022, é apresentar a importância da ciência e das universidades públicas no combate à pandemia, à desinformação, e também na defesa da vida, do meio ambiente e dos direitos humanos.

Além de flexibilizar o uso de máscara em ambientes abertos, Doria disse na sexta-feira (11) que o estado deverá acabar com a obrigatoriedade inclusive em ambientes fechados no dia 23 deste mês.

“Daqui a 11 dias, a contar a partir de hoje [sexta, 11]. Se tudo continuar ocorrendo bem e seguindo os protocolos da ciência, do nosso comitê científico. E se continuarmos a ter queda de internações e do uso de leito de UTI, queda de óbitos e aumento da vacinação em crianças e adultos, já a partir de quarta-feira da outra semana [23 de março], nós não teremos mais que usar máscaras”, falou Doria, em discurso em Catanduva (385 km de São Paulo).

A Folha apurou que a tendência é que as universidades prossigam com o entendimento de que só será possível abandonar a máscara em definitivo com o fim da pandemia a ser confirmado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Há pouco mais de dois anos, no dia 11 de março de 2020, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, elevou o estágio da contaminação pelo coronavírus à pandemia. Dois meses depois, em maio daquele ano, o uso de máscara passou a ser item obrigatório em São Paulo sob pena de multa e até prisão.

De julho de 2020, quando se encerrou o período de adaptação à norma, a fevereiro deste ano, a Vigilância Sanitária Estadual registrou 10.742 infrações.
Atualmente quem descumprir regra, deixando de usá-la em locais fechados como salas de aula, estações de metrô e transporte público, por exemplo, poderá ser autuado –a multa prevista é de R$ 552,71.

Angela Pinho e Carlos Petrocilo/Folhapress