Secretário de Educação diz não ser possível projetar volta às aulas e vê gargalo para ensino remoto

Secretário Jerônimo Rodrigues com estudante. Foto: Elói Corrêa

O secretário de Educação da Bahia, Jerônimo Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira (21) que o avanço da pandemia de Covid-19 impede que a pasta projete uma data para retomada das aulas presenciais na rede estadual de ensino. Ele diz, no entanto, que as escolas estão prontas para um eventual retorno —o que se daria dentro de protocolos sanitários para minimizar os riscos de contaminação de alunos e professores.

”Diferentemente do comércio, a escola não pode fixar prometendo data. Nós tínhamos esperanças de que, depois das eleições, teríamos condições de voltar no início de dezembro. O secretário Fábio [Vilas-Boas, da Saúde] está nos informando que, pelas consequências de Natal e Ano Novo, janeiro também terá complicações”, disse o secretário em entrevista à rádio Metrópole.

”Há uma pressão dos estudantes, mas em especial do 3º ano, do 4º ano, que iriam fazer vestibular, que iriam se formar”, acrescentou.

Questionado pelo apresentador Mário Kértesz sobre a possibilidade de os estudantes terem aulas remotas, medida que reduziria o prejuízo no calendário letivo, Jerônimo afirmou que o formato é uma desafio que precisará ser enfrentado com apoio do governo federal. Para o secretário, a falta de acesso à banda larga e a equipamentos são os principais gargalos do sistema público. Ele afirma que, hoje, 70% dos estudantes da rede estadual não têm acesso à internet banda larga.

”Se tem, é uma internet que não dá pra baixar um vídeo, não dá para baixar um livro, uma aula de um professor. Depois da internet, é o tema do equipamento. Para fazer atividade remota, temos que ter um celular bom, um tablet, um computador”, observou, relacionando o quadro atual ao contexto de desigualdade social do país. Na avaliação de Jerônimo, o ensino a distância também exigiria algo que não é papel da família dos estudantes.

”Se a escola já é um espaço que, para você educar, você precisar ter um professor de história, um de geografia, um de educação física. Imagine em casa? Qual o pai ou mãe que tem capacidade de acompanhar essa quantidade de temas e pode dar uma atenção devida no monitoramento das atividades. Então isso é um desafio. Mas as famílias, além de tempo, não têm essa capacidade de ser professor. Pai e mãe não são professores”, declarou.