Para Rui Costa, atitude do presidente Bolsonaro ”estimula o preconceito, racismo, violência”

Rui diz que Bolsonaro age com grosserias. Foto: Manu Dias

Após desistir de comparecer à inauguração do novo aeroporto de Vitória da Conquista, o governador Rui Costa (PT) fez uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Para ele, o evento se transformou em uma convenção político-partidária, sem a participação popular. ”Eu tomei a decisão em função das grosserias sucessivas do governo federal. No exercício do cargo de governador, não gosto de confundir minhas posições políticas, ideológicas e partidárias com o cargo”, declarou em entrevista ao site da Época.

À coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, ele disse ainda que ”não esperava na vida ver um presidente falar tanta baixaria”. A atitude e as declarações do petista são consequência da repercussão de um vídeo, feito na última sexta-feira (19), em que o capitão diz que ”daqueles governadores de Paraíba, o pior é o do Maranhão”. ”Paraíba” é a forma pejorativa com que se referem aos nordestinos no Rio de Janeiro.

Bolsonaro negou que tenha sido preconceituoso na declaração, mas continuou a ser criticado não apenas por seus opositores, mas por diversos eleitores e personalidades. ”E como um presidente brinca com o tamanho da cabeça de um ministro para dizer que ele pode ser do Nordeste?”, lembrou Rui, em referência a uma transmissão ao vivo feita por Bolsonaro. Na ocasião, ele perguntou ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, se ele tinha ”parente pau-de-arara”. ”Com essa cabeça aí, tu não nega, não”, declarou o presidente aos risos.

Ao falar desse episódio, em entrevista à Época, Rui o classificou como ”completamente desrespeitoso”. No entendimento do governador, atitudes como essa fogem ao padrão de comportamento esperado de um presidente da República. ”Estimula o preconceito, racismo, violência. Temos muitos exemplos de violência contra a mulher. Não é à toa que a violência contra a mulher no Brasil nos últimos seis meses só fez crescer. Enquanto a violência geral diminuiu, a contra a mulher está crescendo. As demonstrações explícitas de racismo estão crescendo. O próprio presidente vai liderando essas manifestações preconceituosas, racistas, violentas. É um negócio inadmissível”, rechaçou.