Para Geraldo Alckmin, CPMF de Bolsonaro é tiro no pobre; Ciro Gomes fala em fascismo

O tucano Geraldo Alckmin ataca Bolsonaro. Foto: Divulgação

Candidatos à Presidência da República criticaram as propostas tributárias apresentadas por Paulo Guedes, economista de Jair Bolsonaro (PSL). O tucano Geraldo Alckmin (PSDB) ironizou a ideia de unificar os impostos em um tributo único cobrado aos moldes da cobrança da CPMF, extinta em 2007, dizendo ser “fácil fazer ajuste passando a conta para o povo”; Ciro Gomes, mesmo sem citar a questão específica da CPMF, acusou Guedes de “instrumentalizar economicamente o fascismo”. Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB) também criticaram a proposta. Bolsonaro segue internado no Hospital Albert Einstein, zona sul de São Paulo, após ter sido atacado a faca por Adélio Bispo de Oliveira, dia 6 de setembro, em Juiz de Fora – nesta quinta, 20, a Polícia Federal (PF) prorrogou inquérito de agressor do presidenciável do PSL após ouvir 38 pessoas. Paulo Guedes afirmou ao Estado que o novo imposto incidiria sobre todas as transações financeiras. Para o tucano, o líder das pesquisas de intenção de voto deu seu primeiro tiro. “É fácil fazer ajuste passando a conta para o povo. O candidato da bala deu o primeiro tiro. Deu tiro no contribuinte, deu tiro na classe média, deu tiro no pobre, deu tiro na economia. O que ele quer é aumentar imposto”, disse Alckmin durante agenda de campanha na cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo. Em busca de um ‘fato novo’ para crescer nas pesquisas, Alckmin se declarou contrário a qualquer aumento de impostos e aproveitou para dar a sua fórmula para o resgate da economia brasileira. “Nós vamos fazer exatamente o contrário. Ajuste fiscal pelo lado da despesa, cortar despesa, apertar o cinto, simplificar, destravar a economia, desburocratizar, pôr a economia para crescer”. Para o tucano, recriar a CPMF – instituída em 1997 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, para custear a saúde pública –, é decisão equivocada. “Nós somos contra aumentar impostos. Contra recriar a CPMF, um imposto em cascata, imposto ruim, que afeta a população de menor renda, a classe média, a economia”, afirmou. Em seguida, ressaltou sua proposta de reforma tributária baseada na transformação de cinco impostos (ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI) em um: o IVA (Imposto Sobre Valor Agregado). O IVA, segundo a campanha tucana, dará transparência à carga fiscal e vai redistribuir a carga tributária de maneira mais justa, pondo fim às guerras fiscais. Candidato do PT ao Planalto nas eleições 2018, Fernando Haddad classificou como um “pequeno desastre” a proposta do assessor econômico do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes, de unificar a alíquota do Imposto de Renda. “É um pequeno desastre porque vai fazer o pobre, que já paga mais imposto que o rico, pagar ainda mais”, comentou o petista. Ele ainda prometeu não recriar a CPMF, como tentou a presidente cassada Dilma Rousseff. Paulo Guedes, por sua vez, defendeu adotar um imposto sobre movimentações financeiras semelhante ao tributo. “Não vamos recriar a CPMF e vamos isentar de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos”, reforçou Haddad. O candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) esteve na manhã dessa quinta-feira no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). No encontro, ele afirmou que o economista Paulo Guedes, um dos assessores do também candidato Jair Bolsonaro (PSL) “instrumentaliza economicamente o fascismo”. Ele fez críticas às ideias econômicas de Guedes sem citar especificamente a questão do imposto. Mas, na última terça-feira (18), Ciro comentou a proposta de Guedes. Segundo o candidato do PDT à Presidência a proposta do assessor econômico de Bolsonaro faz com que o concorrente do PSL caia em contradição. “Ele tem dito toda hora que vai diminuir os impostos e hoje anunciou-se com caráter oficial, com o Paulo Guedes, que vai fazer a unificação das alíquotas do Imposto de Renda. Isso vai fazer com que toda a classe média pague muito mais imposto do que paga e vai acabar diminuindo a dos mais ricos, que hoje pagam 27,5% e depois vão pagar 20%. Mais grave, tá falando em criar impostos e propondo a recriação da CPMF. Isso é uma contradição muito grave”, afirmou o candidato do PDT. Ciro também estuda a criação de um imposto semelhança à CPMF, com alíquota de 0,38% para transações bancárias acima de R$ 5 mil ao mês. A candidata da Rede à Presidência nas eleições 2018, Marina Silva, também se posicionou de forma contrária à implementação da CPMF, durante sabatina no Fórum Páginas Amarelas, da Revista Veja. “Eu sou contra recriar CPMF e nós temos uma proposta de reforma tributária”, disse. “Bebemos na fonte da proposta que foi apresentada pelo Centro de Cidadania Fiscal. Os princípios da nossa reforma tributária são a simplificação, descentralização, combate à injustiça tributária – porque os que são mais pobres acabam pagando mais – e o princípio da impessoalidade”, afirmou a candidata da Rede. Na mesma sabatina, Henrique Meirelles (MDB) se declarou contrário à medida: “É um imposto regressivo, que diminui a competitividade do País. Ele incide de maneira errática, pessoas pagam sem saber que estão pagando, o que prejudica mais aqueles de menor renda. Isso diminui a produtividade da economia”, disse o economista. Horário eleitoral. O Horário Eleitoral de Geraldo Alckmin, que vai ao ar na noite dessa quinta-feira, a proposta de Paulo Guedes de recriação da CPMF voltará a ser criticada. Logo no início do programa, o economista da equipe de Jair Bolsonaro é chamado de “banqueiro milionário”. Além disso, uma voz em off diz que o banqueiro já avisou o que pretende fazer “menos imposto para os ricos, mais imposto para os pobres”. E reforça: “Se Bolsonaro for eleito, prepare seu bolso”. O restante do programa é dedicado a acusar Bolsaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula de Silva de ‘fans’ do ex-presidente venezuelano Hugo Chavez. O clima político que antecedeu o surgimento do regime chavista é comparado ao do Brasil dos dias atuais. Alckmin surge na tela dizendo que Bolsonaro é “intolerante e pouco afeito ao diálogo, um despreparado, um salto no escuro”. Imediatamente depois, o tucano completa afirmando que o “PT é a própria escuridão”.