Paes fala sobre novo partido, diz que quer Eduardo Leite no PSD e que vai manter conversas com Lula

Eduardo Paes confirmou que deixou o DEM. Foto: Estadão

Em entrevista ao Painel, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, confirmou que deixou o DEM para se filiar ao PSD, de Gilberto Kassab. Ao falar do assunto pela primeira vez, o político afirmou que tomou a decisão por causa da ruptura de Rodrigo Maia, seu aliado, com a sigla.

Ele disse ainda que fará tudo que puder para atrair o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) para o PSD, nome que defende para candidato à presidência em 2022. Apesar disso, Paes afirmou que mantém diálogos com Lula (PT).

O prefeito disse à coluna que pretende contar em breve com Maia no partido, além de outros deputados. O ex-presidente da Câmara rompeu com ACM Neto, que comanda o DEM, em fevereiro, após as eleições na Casa.

O prefeito afirmou ainda que Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, o acompanhará no PSD e é, por ora, seu candidato ao governo do Rio. Ele disse, no entanto, que as conversas por uma frente ampla, também defendida por Lula, vão continuar.

”O que eu disse para o presidente Kassab é que o quadro do Rio é preocupante. Ele [Santa Cruz] é meu nome para o governo do Rio. Mas a crise aqui no Rio é muito profunda e estamos dispostos a sentar para discutir uma frente ampla, que pode levar sim em consideração o nome de Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Alessandro Molon (PSB-RJ), e o próprio Felipe”.

Nesta sexta (7), ele criticou a política de segurança do governo estadual após a operação policial que matou 28 pessoas na favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade, e disse que o resultado ”é fruto de políticas de segurança pública inexistentes e equivocadas que colocam os policiais permanente em risco e permitem que setores marginais tomem conta de uma parte da cidade”.

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Troca de partido

Vim amadurecendo essa decisão. Isso teve origem ali atrás na decisão do deputado Rodrigo Maia de sair do DEM e os conflitos que a partir dali se estabeleceram dada a importância do deputado para o nosso grupo no Rio.

Comecei a conversar com partidos e quadros da política brasileira. Eu tenho claro que o PSD conseguiu ao longo desse curto período de existência ganhar dimensão de um partido grande, que tem um perfil de centro, que busca soluções para o país. Tem uma série de bons exemplos ali. Tem Anastasia, tem Kassab, tem Raimundo Colombo, tem Kalil, tem Nelsinho Trad, pessoas que têm história de boa política, de bons gestores. São esses os motivos que me levam a ingressar nas fileiras do PSD.

Por que o DEM não fazia mais sentido

O principal motivo tem a ver com a posição e o conflito com uma pessoa que é importante para mim, que é o Rodrigo Maia. Ele é um quadro político importante do Brasil, é o nosso quadro de articulação nacional. Esse desentendimento dele acabou gerando isso.

Futuro de Rodrigo Maia

Se Deus quiser Maia vai também para o PSD. A gente consolidou aqui minha posição, de um grupo de parlamentares da política carioca e fluminense, que a partir da minha tomada de decisão, a gente vai começar a trabalhar para que eles me acompanhem nisso. Tenho certeza que a gente vai trazer muitos deputados federias para o PSD e entre eles o Rodrigo Maia.

Candidatura a presidente para 2022

O presidente Kassab tem defendido uma candidatura própria do partido. Como eu acho ainda que o Eduardo Leite é um excepcional quadro e o melhor nome para a presidência da República, o que eu puder fazer nos próximos meses para atraí-lo ao PSD, eu vou fazer.

Situação do DEM e relação com ACM Neto, presidente do partido

Sinceramente, não tenho qualquer crítica ao presidente ACM Neto, tenho profunda admiração por ele, gratidão, e respeito. Se tem alguma coisa que me entristece nesse momento de saída é isso.

Chance de nomes de fora da política para 2022

Os nomes que citei são nomes experimentados, gestores experimentados, testados e aprovados. Se tem uma característica do PSD que é muito positiva é a crença da política, que a política é o melhor instrumento para transformar a vida das pessoas. Há muitos quadros experimentados. Não há risco de invencionice. O risco é nenhum.

Relação com ex-presidente Lula

Nunca deixei de ter diálogo com o presidente Lula e não tenho dificuldade de ter esse diálogo. O partido que eu ingresso agora nas fileiras tem desejo de uma candidatura e eu repito que tenho simpatia pelo nome de Eduardo Leite.

*Painel/Folhapress