Na pegada da Santa Dulce

Faça-se justiça. Ainda em vida, Irmã Dulce sempre foi reverenciada por todos, de empresários do naipe de Norberto Odebrecht, fundador da Construtora Odebrecht, e Angelo Calmon de Sá, então dono do Banco Econômico, a mortais comuns. De políticos, nem se fala. Era romaria. Não seria agora de outra forma.

Veja você. Lá atrás, no início do ano, o deputado Aderbal Caldas (PP) apresentou um projeto para criar a Medalha Irmã Dulce, a ser concedida dia 26 de maio, data do aniversário dela, uma única vez no ano, a instituição filantrópica de reconhecidos serviços prestados. Andou pouco, mas com a notícia da canonização, foi aprovada rapidinha, em junho.

O pioneiro

A primeira entrega será em maio do próximo ano, mas já tem candidato. Esta semana o deputado Antonio Henrique (PP) apresentou projeto indicando o Hospital do Câncer de Barretos, em São Paulo, o antigo Hospital do Amor, para ser o primeiro agraciado. Justificativa: ele atende também nove municípios na região de Juazeiro. Deu tititi, já que alguns acham que entre os baianos há quem mereça o pioneirismo.

O deputado federal Cláudio Cajado (PP) também quer ir na ponga. Requereu que a Comissão de Relações Exteriores da Câmara forme uma Comissão para ir ao Vaticano no dia da canonização. Com uma ressalva: ‘com ônus’ para a Câmara. Ou seja, o milagre aí não é de Irmã Dulce. Seria brasileiro mesmo.

*Por Levi Vasconcelos, jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.