Licuri gera emprego e renda para produtores no distrito de Jatobá, município de Milagres

Associação de Produtores de Ouricuri do Jatobá. Foto: Divulgação

Usufruir dos produtos naturais que o bioma caatinga oferece, de forma consciente e sustentável, sem agredir a natureza. Foi partindo deste princípio que produtores rurais do distrito de Jatobá, no município de Milagres, no Vale do Jiquiriçá, decidiram se unir em torno de uma agremiação que beneficiasse a comunidade local e valorizasse o licurizeiro, a partir da exploração agroextrativista. Assim, em 2017, eles criaram a Associação de Produtores de Ouricuri do Jatobá (APOJ). Tendo o licuri como matéria-prima principal – entre outras como jatobá, umbu e maracujá –, os agricultores familiares produzem iguarias como bolos, tortas, cocadas, licor, beijinho, brigadeiro, sequilhos e pé de moleque. Também produzem peças de artesanato a partir das folhas da palmeira do fruto. E para quem não sabe ainda o que é licuri, basta lembrar do antigo dito popular: ”eu sou eu, licuri é coco”. Empolgado com o destino que foi dado ao licuri na região, o presidente da APOJ, Antônio Ramos da Hora, conhecido como Neto, conta como a entidade surgiu, em 2017. ”Certa vez, estava vendendo umbu na estrada e parou um carro. O motorista comprou um litro do meu umbu e me perguntou: o que vocês fazem para sobreviver quando acaba a safra da fruta? Fui para a casa pensativo com aquela indagação e, a partir daí, achei que tínhamos que pensar em um modo de aproveitar tudo o que a terra produz, para nos dar mais meios de sobrevivência, e ao mesmo tempo, tratar a natureza na base da sustentabilidade para que ela nunca nos falte. Foi daí que veio a ideia de fundar a associação”, conta, destacando que, hoje, o extrativismo do licuri gera emprego e renda na comunidade. Sendo um dos frutos típicos da região, com produção natural em grande escala, o licuri ganhou notoriedade na culinária. Para isso, o coquinho passa pelos processos de quebra, seleção e separação das amêndoas. In natura ou transformado em guloseimas, os produtos são vendidos informalmente na feira livre da cidade, em eventos e na porta das escolas. ”A população está aceitando bem os nossos produtos. As pessoas experimentam, elogiam e voltam a comprar, o que é uma prova de que estamos no caminho certo”, considera Neto. A Associação de Produtores de Ouricuri do Jatobá conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Milagres; da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB); e do Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) do Vale de Jiquiriçá. As instituições de ensino estudam os aspectos socioambientais, econômicos e culturais associados ao licuri, por meio de pesquisas relacionadas à Agroecologia, envolvendo os seus diversos usos, o cultivo, a conservação e a produção. Além de estudantes do Ensino Superior e da Educação Profissional, a APOJ recebe alunos da Educação Básica, que fazem visitas técnicas para conhecer a importância histórica e econômica dessa palmeira sertaneja, além de degustar os quitutes originados do licuri. Leia mais