Indicado para Secretaria de Comunicação de Lula, João Feres Jr. pregou boicote à imprensa

João Feres Jr. é indicado para cargo no Governo. Foto: Reprodução

Indicado para um novo cargo na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o professor João Feres Jr., da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), pediu em artigo de março de 2016 que acadêmicos boicotassem a “grande mídia”. Na época, o país vivia o auge do processo que levaria ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Em texto publicado no site GGN, Feres afirmou que não via isenção por parte da imprensa e por isso não daria mais entrevistas ou colaboraria com artigos. ”O assalto à democracia brasileira patrocinada pela grande mídia brasileira é tamanho, sua disposição de distorcer os fatos e versões tão pronunciada, sua adesão política reacionária tão gritante, sua insistência em sempre ouvir somente um lado da contenda, ou de sub-representar desonestamente a opinião legalista, sua incitação a movimentos sociais fascistas e golpistas, que resolvi dizer um basta”, escreveu.

Na Secom do governo Lula, Feres vai comandar a Secretaria de Análise, Estratégia e Articulação, com a missão de levantar dados e definir a melhor forma de aplicá-los nas estratégias de comunicação, em articulação com os outros ministérios. Ele trabalhará subordinado ao ministro Paulo Pimenta.

Na Uerj, o professor é coordenador do Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa) e do Lemep (Laboratório de Estudos de Mídia e Espaço Público). No artigo de 2016, Feres afirma que ”colaborar com a grande mídia reacionária nos dias de hoje é motivo de vergonha. Quem ainda faz isso está compactuando com o ataque à democracia encetado por estes meios”.

Ele finaliza o texto pedindo que acadêmicos cancelem ”todas as assinaturas de jornais e revistas que tiverem em casa ou em suas instituições”. Em contato com o Painel, o professor diz que não tem mais a mesma posição. ”São contextos diferentes. Naquela época, a grande imprensa dedicava uma cobertura muito enviesada a favor da Lava Jato e do impeachment de Dilma. Acho que em retrospectiva, tanto Lava Jato como impeachment tiveram consequências desastrosas para nossa democracia”, declarou.

Ele afirma que não mais defende o boicote à imprensa, e como exemplo cita o fato de ter publicado um artigo recentemente na própria Folha de S.Paulo. ”Não tenho mais a mesma posição. Os contextos mudam, e as posições da imprensa e as minhas também”, disse. A Secom foi procurada, mas não se manifestou até a publicação deste texto. Com informações do site Bahia Notícias