Olho por olho

ManuelaQue me perdoem os estudiosos do comportamento humano, mas como mera observadora dos tempos modernos, a sensação que tenho é de que estamos retrocedendo, marchando em sentido contrário ao do progresso. Estamos nos nivelando a Hamurabi, rei da Babilônia no século XVIII, não coincidentemente, antes de Cristo. Para governar, baseava leis na lei de talião, onde a vingança era a base de qualquer justiça: olho por olho e dente por dente.

Domingo o Fantástico mostrou um grupo de justiceiros que age fazendo rondas nos bairros de classe média do Rio de Janeiro. Em um dos tantos episódios da matéria, um grupo cercou e imobilizou um menor de idade usando uma trava de bicicleta e prendeu o mesmo ao poste pelo pescoço. Depois, tiraram sua roupa e o deixaram nu, numa cena que se assemelhava àquelas estudadas sobre a Idade Média, quando as pessoas eram apedrejadas em praça pública. A que ponto chegamos?

Porém, essas práticas não crescem apenas nas cidades grandes. Circula nas redes sociais, por exemplo, um vídeo de um jovem estirado no chão, no Centro de Itabuna, após um assalto frustrado e troca de tiros com um policial. O que me assusta é poder escutar a população ao redor do deliquente bradando frases como Menos um, Deixem ele morrer e Bem feito para esse marginal. Embora amedrontada com essa onda de violência que assola o nosso país, ainda tenho receio dessa sede de vingança que cega o ser humano.

Entre tantos questionamentos sobre motivos e soluções, são muitas perguntas e poucas respostas para esse assunto. Ainda assim, duas sobressaem na discussão que me proponho a fazer: Falta justiça? Que consequências esse tipo de reação da população pode trazer?

Manuela Berbert é publicitária e colunista do Diário Bahia.

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