Eleição rejeitou radicalismo, mas não é recado para Bolsonaro em 2022, diz Kassab

Em março de 2011, o então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, cunhou uma frase que foi entronizada no anedotário político nacional.

O PSD, partido que iria fundar, não seria nem de centro, nem de direita, nem de esquerda. Símbolo da geleia ideológica brasileira para uns ou expoente do pragmatismo para outros, a sigla chegou à eleição deste ano com seu melhor resultado até aqui.

Elegeu 640 prefeitos, 101 a mais do que em 2016, e firmou-se como terceira maior força municipal do país, atrás de MDB e Progressistas.

Vingado num pleito em que o eleitor buscou nomes mais moderados, após o tsunami bolsonarista de 2018, Kassab sempre disse que a frase havia sido editada sem o contexto de que falava na construção do programa partidário.

”Se dependesse de mim, o partido seria de centro. Como acabou sendo e continuará sendo”, afirmou.

Fidelíssimo a seu estilo, nesta entrevista ele diz que o eleitor negou o radicalismo nas urnas, mas que isso nada tem a ver com rejeição ao presidente Jair Bolsonaro ou com definição do pleito de 2022. Lembrado que seu partido apoia e participa do governo, defende independência.

Em São Paulo, concede que a maioria do PSD deverá apoiar a candidatura do prefeito Bruno Covas (PSDB), mas faz muitos elogios à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), usualmente visto como uma besta-fera esquerdista em círculos conservadores.

E deixa no ar dúvidas sobre uma eventual união da centro-direita contra Bolsonaro em 2022, dizendo que vai trabalhar por uma candidatura própria de seu partido.

Afirmou que não discute sua eventual volta ao governo paulista, do presidenciável João Doria (PSDB).

Ele assumiu e se licenciou da Casa Civil do tucano em 2019 para responder às acusações de recebimento ilegal de recursos da empresa JBS, o que ele nega em inquérito.