Doria vai ao Rio de Janeiro para encontrar Bolsonaro, mas não é recebido pelo candidato

Doria tem tentativa de encontro frustrada. Foto: Divulgação

O candidato ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB), teve frustrada uma tentativa de encontro com o deputado presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Ele deixou a agenda de campanha na capital paulista para viajar ao Rio de Janeiro, mas não foi recebido pelo deputado. A informação do encontro dos dois foi divulgada pela assessoria de Doria. Os dois se encontrariam às 17h30 na casa de Paulo Marinho, aliado e amigo de Bolsonaro, onde os programas do PSL estão sendo gravados. Doria chegou ao local por volta de 18h, mas não encontrou nem Bolsonaro e nem mesmo Marinho no local. Meia hora depois, Marinho chegou à sua casa acompanhado de Gustavo Bebianno, presidente em exercício do PSL, e de Julian Lemos, vice-presidente da legenda. ”Não tem nenhum encontro marcado entre os dois não. Existe uma conversa institucional no sentido de o PSL agradecer ao apoio que gentilmente está sendo oferecido pelo candidato João Doria em São Paulo a Jair Bolsonaro”, afirmou Bebianno. O episódio provocou um mal-estar na campanha. Enquanto o PSL negou a existência prévia de um acordo, Doria deixou o local dizendo que os planos mudaram devido ao fato de Bolsonaro ter se sentido indisposto. Doria evitou falar com a imprensa quando chegou, e foi embora do local duas horas depois, acompanhado do economista Paulo Guedes e da deputada eleita Joice Hasselman (PSL-SP). Doria demonstrou constrangimento e impaciência com perguntas sobre o motivo de não ter sido recebido por Bolsonaro. Por diversas vezes, indicava que os questionamentos deveriam ser feitos a Joice. ”Eu compreendi perfeitamente isso [a ausência de Bolsonaro]. Se ele tivesse vindo aqui para gravar, feito agenda, sem a nossa presença, poderia haver dúvidas que algo que não pudesse ser simpático”, afirmou, negando que tenha se sentido preterido pelo presidenciável. Ao mesmo tempo em que o ex-prefeito de São Paulo dava a declaração, o deputado fazia uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Joice, responsável por agendar o encontro, negou que o objetivo seria a gravação de um vídeo. Ela não possui cargos de direção no PSL. ”Ele não foi porque não foi esse o combinado. Falei com ele [Bolsonaro] ao telefone. Nós marcamos de passar aqui onde haveria uma gravação, eu, como candidata do PSL, agora eleita, e também como voz do partido”, respondeu a deputada eleita ao ser questionada porque Doria não foi ao encontro de Bolsonaro em sua casa, na Barra da Tijuca. Doria e Joice deixaram o local aparentando irritação e pressa sob a justificativa de que tinham retorno imediato a São Paulo. Segundo pessoas do partido, a divulgação da agenda irritou a cúpula do PSL.

O encontro foi cancelado após intervenção do presidente do PSL paulista, Major Olímipio, eleito senador pelo partido no domingo (7). Olímpio apoia o adversário de Doria, Márcio França (PSB), para o governo paulista. A estratégia do PSL é manter a neutralidade nas disputas estaduais, com exceção daqueles em que têm candidatos no segundo turno: Rondônia, Roraima e Santa Catarina. Pessoas ligadas à campanha relataram à Folha que a postura de Doria gerou desconforto. A visão é de que ele tentou forçar um apoio do candidato para ampliar votos em São Paulo. O tucano negou que quisesse apoio e disse que veio ao Rio manifestar novamente que fará campanha a Bolsonaro em São Paulo. Bebianno confirmou que havia previsão de Bolsonaro ir a casa de Marinho para gravar programa de TV, mas negou que houvesse qualquer planejamento de que isso fosse feito com Doria. De acordo com ele, a gravação não foi feita porque o presidenciável se sentiu indisposto. Ele se recupera da facada sofrida em 6 de setembro. Além de ter feito uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro recebeu aliados nesta sexta-feira (12). Foram à sua casa o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Nabhan Garcia (presidente da UDR), e a atriz Regina Duarte. Pessoas ligadas à campanha relataram à Folha que a postura de Doria gerou desconforto. A visão é de que ele tentou forçar um apoio do candidato para ampliar votos em São Paulo.