Com repercussão negativa, Bolsonaro orienta equipe ministerial a evitar endosso a protesto

Presidente recua após repercussão negativa. Foto: Marcos Corrêa

O presidente Jair Bolsonaro orientou a sua equipe de governo a evitar endossar publicamente a manifestação marcada para o dia 15 contra o Congresso Nacional. O pedido foi feito após a repercussão negativa com o informação de que o próprio Bolsonaro compartilhou pelo WhatsApp um vídeo de apoio ao ato.

Em conversas na manhã desta quarta-feira (26), o presidente disse a aliados e a auxiliares que não está incentivando o protesto e que apenas reencaminhou em um grupo privado um conteúdo que lhe foi enviado. O vídeo convoca a população a ir às ruas para defendê-lo. Além da pauta em defesa do governo, os organizadores do protesto têm levantado bandeiras contra o Congresso.

Segundo relatos feitos à Folha, o presidente avaliou que o fato de ele ter compartilhado o conteúdo não é algo grave e considerou que tem havido um exagero na repercussão do episódio.

Para evitar novas críticas, no entanto, a ordem repassada pelo Palácio do Planalto é para que a equipe ministerial não compareça à manifestação de março para evitar um desgaste desnecessário com o Legislativo e o Judiciário. Além disso, auxiliares palacianos têm defendido que Bolsonaro entre em contato com os presidentes do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, para esclarecer o ocorrido.

A manifestação do dia 15 é uma reação à fala do ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, que chamou o Legislativo de ”chantagista” na semana passada. O ato estava previsto desde o final de janeiro, mas acabou mudando de pauta para apoio a Bolsonaro e encorpando insinuações autoritárias após Heleno atacar o Legislativo.

Nesta quarta, Bolsonaro chamou de ”tentativas rasteiras de tumultuar a República” as interpretações sobre ele ter compartilhado o vídeo. Ele escreveu em rede social e não negou ter enviado a mensagem. Afirmou usar esse aplicativo para trocar mensagens de ”cunho pessoal”.

”Tenho 35 milhões de seguidores em minhas mídias sociais (Facebook, Instagram, YouTube e Twitter) onde mantenho uma intensa agenda de notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. Já no WhatsApp tenho algumas poucas dezenas de amigos onde, de forma reservada, trocamos mensagens de cunho pessoal”, afirmou Bolsonaro.

Pelas redes sociais e por WhatsApp, apoiadores do presidente postam imagens de ataque ao Congresso, retirada dos comandantes da Câmara e do Senado e de alusão ao uso das Forças Armadas no movimento.

Ao menos seis congressistas bolsonaristas já manifestaram apoio à mobilização: Carla Zambelli (PSL-SP), Filipe Barros (PSL-PR), Guiga Peixoto (PSL-SP), Aline Sleutjes (PSL-PR), Éder Mauro (PSD-PA) e a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS).

O general da reserva Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, criticou a mobilização e a classificou como irresponsável ao usar imagens de Heleno e do vice-presidente, general Hamilton Mourão. Líderes políticos como os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, além de congressistas, também criticam a iniciativa. Informações da Folha de SP