Ciro diz que, em seu governo, ”general Villas Bôas estaria demitido” por sua fala pública

Ciro critica postura do general Villas Bôas. Foto: Reprodução/Uol

O candidato do PDT à Presidência da República, o Ciro Gomes, disse nesta quarta-feira, 12, em sabatina no jornal O Globo, que em seu governo o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, teria sido demitido por sua fala pública sobre a instabilidade política no Brasil, e “provavelmente pegaria uma cana”. Villas Bôas afirmou, em entrevista ao Estado, que “a legitimidade do novo governo pode até ser questionada” e que o ataque ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na quinta-feira, 6, “materializa” seu temor de que a intolerância e a polarização na sociedade afetem a governabilidade. “No meu governo, militar não fala em política. Ele estaria demitido e provavelmente pegaria uma cana. Eu conheço bem o general Villas Bôas. Ele está fazendo isso para tentar calar as vozes das cadelas no cio que estão se animando, o lado fascista da sociedade brasileira”, afirmou. “O general Mourão (vice de Bolsonaro) é um jumento de carga, que tem entrada no Exército. Quem manda nesse País é nosso povo. Tutela, sargentão dizendo que vai fazer isso e aquilo, comigo não acontecerá. Sob a ordem da Constituição, eu mando e eles obedecem. Quero as Força Armadas poderosas, modernas, altivas. Não quero envolvidas no enfrentamento do narcotráfico, isso é papo de americano.” O candidato do PDT criticou o acordo entre a Embraer e a norte-americana Boeing para a criação de uma empresa para tocar a viação comercial da companhia brasileira. Ele considera o acerto “clandestino”, e disse que a reversão não seria uma quebra de contrato. “Nem a pau, Juvenal”, disse. Ciro reafirmou ser preciso revogar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos para que se possa investir em saúde e na educação. Ele pontuou que “outros candidatos” querem entregar a saúde pública à iniciativa privada, privilegiando ricos em detrimento de pobres. Ao falar sobre a crise fiscal nos Estados, citou o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul e Minas Gerais e propôs um “redesenho do pacto federativo”, uma “grande negociação no atacado”. “O centro de gravidade da política brasileira não é Brasília, é a federação, estados e prefeitos”. Ciro criticou a desindustrialização do Brasil, e defendeu a proteção de setores da indústria. Citou o presidente dos Estados Unidos por seu protecionismo anti-importações: “Trump está errado e nós, brasileiros, estamos certos?” Ele defendeu “desratização” do Brasil ao falar das agências do governo aparelhadas politicamente. “As agências serão passadas pelo pente fino. Quem não for salvável, será fechada. Eu falo com o Congresso.”