Casal de BH está na BA sem conseguir retornar; doente, mulher precisa estar em MG ou morre

Ludmila Conrado está em Porto Seguro. Foto: Reprodução/TV Bahia

Um casal de Belo Horizonte (MG) está há três meses em Porto Seguro, no sul da Bahia, sem conseguir voltar para casa, após terem as passagens de volta canceladas por causa da pandemia do coronavírus. O problema é que a mulher tem uma doença crônica e pode morrer, caso não esteja em Belo Horizonte até 9 de junho, para reabastecer uma bomba de infusão que injeta um medicamento no organismo dela 24h por dia.

”Essa bomba fica no meu abdômen. Tem um cateter que liga à medula, e 24h goteja morfina. Ligado na medula, ou seja, vai para o cérebro. Então, se eu não colocar morfina na terça-feira, vai para o processo de abstinência, afeta seus órgãos todos, você vai e morre”, afirmou a aposentada Ludmila Conrado.

Ela e o marido, o autônomo Cristiano Ávila, acusam a agência de viagens onde compraram as passagens e a companhia aérea responsável pelo voo de não tomarem as providências

Eles contam que chegaram a Porto Seguro em março, onde passariam 15 dias de férias. Antes da data do retorno, entretanto, começou a pandemia do coronavírus, e as passagens aéreas de volta foram canceladas.

Segundo Ludmila, em contato com a Viaja Net e com a companhia aérea Azul, foi informada de que só poderiam remarcar essa viagem de volta para julho.

Ludmila disse que explicou a situação às empresas, apresentando inclusive um laudo médico. Segundo ela, a Azul informou que o problema teria que ser resolvido diretamente com a agência de viagem. Já a empresa informou que o aeroporto de Porto Seguro está fechado.

”Eu já entrei em contato com eles o mês de maio e abril inteiro. Todos os dias. Mando e-mails, e-mail, e-mails. E eles falam que não tem, que só em julho. Eu explico a situação, mostro atestado. No final, eu já estava até apelando. Falei: ”Moça, depois não adianta. Quando eu tiver morta, não precisa mais da passagem para voltar”, falou Ludmila.

Cristiano afirma que chegou a fazer uma proposta para as empresas, mas que nada foi feito

”Eu propus para a Azul e para a outra empresa que alugassem um carro para a gente. Que seria até mais barato que a passagem, e eles ficariam com o restante do dinheiro. Não tomaram providência”, disse ele, que destacou que todo o recurso que possuem está usado para os remédios de Ludmila e alimentação.

Cristiano contou ainda que procurou a Defensoria Pública em Porto Seguro, mas não conseguiu contato. Eles disseram que tentaram entrar em contato com o órgão presencialmente e pelos telefones disponibilizados.

”A Defensoria Pública, que deveria estar aberta e nos atender, entrar com uma liminar e obrigar a empresa a negociar, está fechada”, falou.

Ludmila conta que a situação está deixando ela ansiosa e tensa. ”Eu tenho que estar terça-feira em Belo Horizonte. Ainda expliquei que, se não fosse, isso eu esperaria. Fazia o sacrifício de esperar até os aviões normalizarem. Mas não tenho essa opção, infelizmente”.

A reportagem entrou em contato com a Viaja Net e com a Azul, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. Também tentou contato com a Defensoria Pública em Porto Seguro, mas não conseguiu falar com o órgão.