Ameaçado de ”morte”, Jean Wyllys desiste de assumir mandato na Câmara dos Deputados

Ele foi o primeiro a assumir que é homossexual. Foto: Estadão

O deputado federal baiano Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou, em entrevista à Folha, publicada nesta quinta-feira (24), que vai abrir mão do mandato. De férias no exterior, o parlamentar revelou que não pretende voltar ao País e que irá se dedicar à carreira acadêmica. Ele vive sob escolta policial desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, no ano passado. Ele tomou a decisão de deixar a vida pública com a intensificação das ameaças de morte. ”O (ex-presidente do Uruguai) Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis. E é isso: eu não quero me sacrificar”, justifica. Jean também afirma que a resolução de permanecer fora do Brasil se definiu após a divulgação das informações que apontam ligação entre os suspeitos da morte de Marielle com o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). ”Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, disse. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, completou. Ele foi o primeiro parlamentar a assumir abertamente que é homossexual e atuou na defesa dos direitos dos grupos LGBT.